Atriz integrou o Teatro de Animação de Setúbal durante mais de três décadas e participou em mais de 50 espetáculos
O mundo cultural está de luto. Sónia Martins, atriz que marcou várias gerações no Teatro de Animação de Setúbal (TAS), morreu esta segunda-feira, aos 53 anos, no Hospital de S. Bernardo, em Setúbal, onde se encontrava internada. A notícia foi confirmada por um amigo próximo, que destacou a “fidelidade incondicional” da atriz à companhia onde construiu praticamente toda a sua carreira.
Nascida a 17 de outubro de 1971, em Luanda, na freguesia da Sagrada Família, Sónia Martins mudou-se para Setúbal em 1974, ainda em criança. O gosto pela representação surgiu cedo e, em 1989, entrou no TAS como estagiária, a convite do ator e encenador Carlos César, fundador e diretor artístico da companhia até 2001. Desde então, manteve-se ligada ao grupo durante mais de três décadas, tornando-se um dos rostos mais reconhecidos do teatro setubalense.
A estreia deu-se com a peça “Os pássaros de asas cortadas”, de Luís Francisco Rebello, numa encenação de Carlos César. Ao longo da sua carreira no TAS, Sónia Martins integrou mais de 50 espetáculos, revelando uma impressionante versatilidade. Entre teatro de autor, encenações infantis e produções clássicas, a atriz destacou-se pela capacidade de se adaptar a qualquer papel, da criada humilde à grande senhora da sociedade, sempre com profissionalismo e paixão pela arte.
Em 2020, Sónia Martins deixou a companhia, mas continuou a colaborar com a cultura local, passando a trabalhar na autarquia de Setúbal, no Convento de Jesus. Apesar do afastamento da ribalta, nunca deixou de ser reconhecida pelo público e pelos colegas como uma das figuras centrais do verdadeiro TAS. O mesmo amigo que confirmou a sua morte sublinhou que a atriz era “a mais completa do elenco” e que jamais quis abandonar a companhia que a viu crescer.
A notícia da sua morte deixa a comunidade artística e cultural de Setúbal em profundo pesar. Colegas, amigos e admiradores recordam-na como uma artista dedicada, apaixonada e de talento raro, que marcou de forma indelével a história do teatro local. A partida de Sónia Martins representa uma perda irreparável para a cultura portuguesa, mas o seu legado permanecerá vivo nos palcos e na memória de quem acompanhou a sua brilhante trajetória.
